EDITORIAL

Ebenézer, até aqui nos ajudou o Senhor! (1 Samuel 7.12)

Havendo avançado em suas batalhas, Samuel pegou uma pedra e a colocou como marco para que o povo lembrasse até onde tinha ido e pudesse agradecer ao Senhor, pois a vitória só fora possível porque haviam recebido ajuda divina. Viajando muito, eu sempre vejo cruzes ao longo da estrada. Elas são marcos que servem para lembrar que, naquele ponto, uma vida foi ceifada pela violência do trânsito. Quando passo pelas estradas e observo as cruzes, fico pensando em quem teriam sido aquelas pessoas: em que trabalhavam, se eram jovens ou maduras, se tinham filhos ou não. Fico pensando nas pessoas em quem deixaram saudades por sua súbita partida e o vazio que ficou pela sua ausência. As cruzes da estrada são marcos de perdas, mas as pedras de Samuel eram marcos de vitória. De qualquer jeito, as pedras de Samuel e as cruzes das estradas são testemunhos de uma história que alguém deseja que seja lembrada. Na trajetória cristã, vale mais lembrar os ganhos que as perdas, uma vez que a morte não é a última resposta. Por isso, pergunto a você: o que deseja deixar como marcos em sua vida? Cruzes de estrada ou pedras de altar?

Quero tomar as cruzes e as pedras como parábolas para nossa reflexão. Nesse sentido, deixar cruzes como marcos significa memórias tristes, de perdas e fracassos. São sinais que apontam a morte, a decepção e a tristeza. Quem as fincou ali sempre vai ficar triste quando as contemplar. Vai sentir a falta, a dor, vai lembrar que não houve final feliz.

Infelizmente, existem pessoas cristãs deixando essas marcas quando seu proceder contraria a lógica do Reino de Deus.  Estatísticas apontam que 40% da violência doméstica acontece em lares evangélicos. Um sem-número de pessoas já foi ferida por líderes, pastores, pastoras ou irmãos e irmãs da igreja. Outro tanto se decepcionou ao perceber que havia hipocrisia e falsidade na vida de alguém a quem admirava como discípulo ou discípula de Jesus. Uma tristeza de morte invade famílias, igrejas, relacionamentos, quando esta “cruz de estrada” é a marca que deixamos. Nosso testemunho deve ser de ressurreição, de mudança; de transformação. Qualquer coisa distinta disto contraria a expectativa de Deus em nós e frustra o discipulado em nossa vida. Onde você tem sido visto? O que tem feito? Como tem agido diante dos desafios? Sua palavra é a rocha que edifica ou a cruz que apenas marca o lugar da perda, da morte, da dor?

Ao contrário dessas cruzes de estradas, os marcos em nossa vida devem ser as pedras que, na Bíblia, são utilizadas para construir altares, lugares nos quais Deus é adorado. Lembre-se: estou falando por comparação. A cruz é um importante símbolo do Cristianismo exatamente porque Jesus não está mais nela! Mas a Palavra nos lembra que Ele é a pedra angular. Pedras nos lembram durabilidade, resistência. Pedras também nos lembram construção. Nossa vida deve ser um testemunho das verdades que duram, sobre as quais podemos construir existências e histórias que valham a pena. A pedra de Samuel lembrava que até ali eles tinham ido, mas que ainda podiam avançar adiante. A pedra era o marco de uma vitória, de uma nova possibilidade, da derrubada de obstáculos.

Nossa Região está em tempo de construção. Haverá muitas ocasiões para falar: “Ebenézer”, pois há muitos momentos de expectativa adiante de nós. Mas Samuel não pôs a pedra sozinho – como a liderança da Igreja Metodista na Oitava também não fará. O povo estava junto, vencendo o desafio e celebrando a vitória. O povo reconheceu naquela pedra um símbolo de sua unidade tanto entre si como com o Senhor. O povo reconheceu na pedra o sinal da misericórdia divina.

Nossas vidas devem refletir a vida do Senhor. Neste sentido, as cruzes, como aquelas das estradas, não são adequadas. A cruz que nos serve de símbolo é aquela que marca o caminho do sepulcro vazio. A pedra que nos motiva é aquela rolada para o lado na boca do túmulo. A pedra que marca uma nova vida, a cruz que sinaliza tão somente a morte do velho ser e abre passagem ao novo. Seja você também parte das pessoas que colocam pedras à beira do caminho, como marcos de uma vida sólida com o Senhor. Seja um discípulo e uma discípula com autenticidade. Não dá para viver duplicidades, para balançar de um lado para o outro, para vacilar. Seja você uma pedra viva no edifício de Deus. Faça parte